Os
próximos meses serão de muitas atividades de massa e de
articulações políticas para construir um grande movimento
nacional, que unifique todos os movimentos sociais por mudanças
estruturais
06/08/2013
Editorial
da edição 545 do Brasil de Fato
No
último dia 5 de agosto, reuniram-se dezenas de representantes de
praticamente todos os movimentos sociais brasileiros, de 15 estados
do Brasil, para uma plenária nacional.
Estiveram
presentes os movimentos que compõem várias redes e articulações
como a Coordenação de Movimentos Sociais (CMS), centrais sindicais,
assembleia popular, Marcha Mundial das Mulheres, articulações de
movimentos negros, encontro unitário dos movimentos do campo,
Jubileu Sur, Grito dos Excluídos, pastorais sociais, articulação
da reforma política e articulação dos movimentos de juventude, que
recentemente ocuparam as ruas.
Essa
plenária nacional foi um espaço importante de debate e reflexões
conjuntas sobre a conjuntura brasileira e os rumos que o movimento de
massa deve tomar nos próximos meses.
Assim,
há um entendimento comum, entre todos, de que os movimentos devem
estimular e participar em todas as lutas e mobilizações sociais que
estão ocorrendo no país, como forma justa e necessária para que o
povo pressione para a solução de seus problemas concretos.
Muitos
desses problemas são localizados, como a questão dos transportes
públicos, moradia, repressão policial.
Mas
há problemas centrais que afetam todo o povo, como a questão dos
direitos sociais e trabalhistas que estão sendo afetados nos
projetos de lei no Congresso Nacional, o problema da falta de moradia
e terra, a estrutura injusta de cobranças de impostos, o problema da
política do superávit primário que retira mais de 30% de todos os
recursos públicos para pagar juros da dívida interna.
E
há também os problemas da estrutura política que impede uma
democracia verdadeira com participação popular, em que os
parlamentares e governos viraram reféns de seus financiadores de
campanha, em todos os níveis.
Dessa
forma, percebemos que as mobilizações de junho e julho
representaram uma nova alternativa na conjuntura, que coloca na
agenda da sociedade a necessidade de reformas estruturais, e, entre
elas, a reforma do sistema político.
E
o caminho para conquistar as reformas estruturais, para resolver os
problemas do povo, é a conjugação de três movimentos
complementares: as lutas sociais concretas de cada categoria ou
setor; as mobilizações e pressões de rua; e a via institucional da
convocação de uma constituinte soberana e exclusiva, que escolha
representantes do povo, sem os vícios do atual sistema, para poderem
fazer as novas leis.
Havia
uma proposta do governo de convocar uma Constituinte exclusiva, e uma
proposta de fazer um Plebiscito sobre alguns temas apenas. Mas suas
alianças conservadoras e a própria base parlamentar se recusaram a
implementar mudanças no sistema político.
Agora,
uma Constituinte soberana e eleita livremente para essa missão só
poderá brotar das ruas, pela pressão popular.
Diante
de tudo isso, os movimentos sociais estão convencidos de que
precisam construir um grande movimento de conscientização da
população para discutir que tipo de reformas estruturais
necessitamos. Qual é a natureza e as características de uma reforma
política que a sociedade brasileira exige.
A
melhor forma de fazer esse debate será organizar e convocar um
Plebiscito Popular, durante um longo período, no qual se possam
organizar comitês populares, nos bairros, escolas e em todos os
municípios para fazer esse debate. E, ao final, o povo votar, se
concorda ou não, com a convocação de uma Assembleia constituinte
soberana e exclusiva, para, em sintonia com as ruas, promover as
mudanças necessárias.
Nesse
sentido, tirou-se um calendário organizativo, para preparar o debate
na sociedade e a preparação do Plebiscito, que se estenderia por
muitos meses. Por ora, devemos desde logo ir debatendo e fazendo a
propaganda da necessidade da Constituinte e ter no Plebiscito o
instrumento pedagógico de participação das massas.
Assim,
enquanto vamos preparando esse debate e o Plebiscito, devemos nos
somar com todas as energias ao calendário abaixo, proposto pelos
diversos fóruns unitários.
De
28 de agosto a 6 de setembro, jornada nacional da juventude em defesa
dos direitos da educação e pela democratização dos meios de
comunicação.
Dia
30 de agosto, paralisação nacional, puxada pelas centrais
sindicais, em torno da pauta unitária do dia 11 de julho.
Na
semana de 2 a 7 de setembro, mobilizações contra os leilões do
petróleo e das empresas de energia elétrica, e participação no
Grito dos Excluídos.
Como
se vê, os próximos meses serão de muitas atividades de massa e de
articulações políticas para construir um grande movimento
nacional, que unifique todos os movimentos sociais por mudanças
estruturais.
Fonte: BRASIL DE FATO
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