Neste ano de 2013, mais
uma vez, os filiados do Partido dos Trabalhadores vão às urnas
escolher as novas direções partidárias, no nosso Processo de
Eleições Diretas – o PED 2013.
O PT é o único
partido do país que usa o método de escolha direta de seus
dirigentes, com o voto de todos os seus filiados, observando-se
critérios regimentais de participação em atividades partidárias,
prazos de filiação e pontualidade com as contribuições
estatutárias.
Este método, foi
adotado pelo PT na intenção de proporcionar maior participação e
democracia. Porém, na verdade, vícios de procedimento se
evidenciaram com a diminuição decorrente dos debates e repetição,
pura e simples, do processo eleitoral tradicional, aonde as massas de
eleitores são levadas por suas lideranças para depositarem seu voto
nas urnas, a famosa prática no partido das “garrafinhas”.
Em Minas Gerais, somado
a um pragmatismo acima dos limites, esse procedimento levou o PT a
uma paralisia político-partidária que o distanciou principalmente
dos movimentos sociais.
Os dirigentes do
partido em Minas Gerais, nos últimos anos, exacerbaram o chamado
pragmatismo político-eleitoral, confundindo a população e
afastando os militantes das lutas e disputas ideológicas na
sociedade.
A confirmação de
filiações de pessoas com mandato eletivo, oriundas de partidos de
centro, centro-direita e daqueles com nítida crise de identidade
como o PPS, sem a necessária discussão com a militância, levou a
um desequilíbrio na correlação de forças no partido, acentuando
cada vez mais a detestável conta das garrafinhas, de modo a
estimular ainda mais as filiações em massa.
O pragmatismo das
principais lideranças do partido em Minas, cuja semente germinava
desde início da década de 2000, progrediu em 2002 com a eleição
do tucano Aécio Neves e acelerou a partir de 2005, com a chamada boa
convivência institucional entre o governador do Estado e o prefeito
de Belo Horizonte, supostamente em benefício da capital. Além
disso, esse pragmatismo dúbio já havia criado seu primeiro
fantasma: “o lulécio”.
Cabe aqui um parênteses
nesta análise. Minas Gerais é conhecida, no país inteiro, pelas
suas riquezas naturais, sua cultura, suas cidades históricas, sua
culinária e a suposta esperteza de suas chamadas raposas políticas.
Acontece que as tais
raposas políticas eram, são e sempre serão as elites da direita
mineira. E a maioria dos dirigentes petistas em Minas quis se igualar
e se aliar a elas, se esquecendo que nossos aliados históricos e
principais são o povo e os movimentos sociais.
Assim, com graves
consequências, o PT mineiro caiu em uma cilada terrível. Deixou de
cumprir seu papel histórico de oposição ao governo tucano.
Afastou-se da militância. Abdicou da disputa político-ideológica
na sociedade. Confundiu a população com a ridícula aliança com o
tucano Aécio Neves nas eleições municipais de 2008. Tudo somado,
rendeu ao partido, em 2010, a derrota de Dilma para Marina e Serra em
BH.
Nesse contexto, o PT se
afastou das lutas sociais e sindicais. Não deu o devido apoio às
lutas dos trabalhadores do ensino no Estado. Não se juntou aos
eletricitários contra o desmantelamento da Companhia Energética de
Minas Gerais – Cemig. Omitiu-se diante da falta de investimentos, e
mesmo do desvio de recursos, pelo governo do estado na Saúde e nos
serviços públicos em geral. Virou as costas à precarização e
terceirização na Companhia de Saneamento de Minas Gerais –
Copasa. Manteve-se longe das lutas do funcionalismo público
estadual. Contra a criminalização dos movimentos sociais pelo
demo-tucanato mineiro, não se manifestou com a firmeza e a
contundência exigidas.
Em relação às
recentes manifestações pelo passe livre, que a partir de São Paulo
se espalharam pelo país, também houve manifestações em Belo
Horizonte e cidades do interior mineiro. No entanto, o Diretório
Estadual, reunido no dia 15 de junho, no auge dos acontecimentos, não
aprovou, portanto, não divulgou uma única linha para a sociedade
sobre o movimento. Calou-se.
Internamente o partido
praticamente deixou de funcionar. Pode se contar nos dedos o número
de reuniões do diretório estadual e a executiva se transformou em
um tribunal de querelas internas.
Resgatar o PT para um
projeto democrático e popular
Com todas suas
diferenças, dentro do denominado Movimento Coerência Petista, a
maioria da esquerda partidária do PT em Minas Gerais promete sair
unida em torno da candidatura do companheiro Deputado Estadual
Rogério Correia à presidência do PT.
Formado por militantes
independentes, Articulação de Esquerda, Resistência Socialista de
BH, Esquerda Popular Socialista e Militância Socialista, o Movimento
Coerência Petista surgiu em oposição à aliança na capital com os
tucanos em 2008. Revigorado com o movimento pela candidatura própria
em BH nas eleições municipais de 2010, aposta na construção de um
novo programa dirigente para o PT mineiro.
Queremos que os rumos
do PT sejam definidos com a militância e os movimentos sociais. O PT
de Minas Gerais, para ser resgatado, tem de voltar a ser de lutas,
democrático, transparente e com unidade na ação militante e
dirigente. Tem de reconstruir suas instâncias de direção:
diretório, executiva e setoriais em pleno funcionamento com
respostas e posições frente às demandas da sociedade e dos
movimentos sociais e sindicais.
É preciso que o PT se
fortaleça com os debates no PED e saia unificado com a militância e
os movimentos sociais na construção de um projeto democrático e
popular para a disputa do governo do estado em 2014.
Assim, é preciso que o
PT, após o PED, se posicione claramente pela candidatura própria em
Minas, sem ambigüidades, sem tergiversar. E que seja uma
candidatura da militância e dos movimentos sociais e sindicais. E
com eles construamos nosso programa de governo. Um programa que se
contraponha claramente à receita demo-tucana neoliberal do chamado
choque de gestão e tenha um claro posicionamento político-ideológico
de esquerda. Valorizador dos serviços e do funcionalismo públicos.
Com clara prioridade para os investimentos maciços na Saúde,
Educação, Segurança, agricultura familiar, reforma agrária e seja
um indutor das políticas sociais do governo Dilma no estado.
Acreditamos que
podemos, através deste PED, debater, conscientizar e convencer os
companheiros do PT para esta empreitada. Temos todas as condições
necessárias para ganhar as eleições de 2014 e implementar um
governo democrático e popular no nosso estado.
Para isso precisamos
ser de novo os construtores de nossa história em Minas Gerais.
Marco Aurélio Moreira
Rocha – Executiva PT-BH – DNAE
Eduardo Soares Leal –
PT-MG
Geraldo Vitor de Abreu
– Dirigente nacional do PT
Simeão Celso de
Oliveira - PT-MG
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