quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Por um partido das lutas do povo e dos movimentos sociais de Minas Gerais

Neste ano de 2013, mais uma vez, os filiados do Partido dos Trabalhadores vão às urnas escolher as novas direções partidárias, no nosso Processo de Eleições Diretas – o PED 2013.

O PT é o único partido do país que usa o método de escolha direta de seus dirigentes, com o voto de todos os seus filiados, observando-se critérios regimentais de participação em atividades partidárias, prazos de filiação e pontualidade com as contribuições estatutárias.

Este método, foi adotado pelo PT na intenção de proporcionar maior participação e democracia. Porém, na verdade, vícios de procedimento se evidenciaram com a diminuição decorrente dos debates e repetição, pura e simples, do processo eleitoral tradicional, aonde as massas de eleitores são levadas por suas lideranças para depositarem seu voto nas urnas, a famosa prática no partido das “garrafinhas”.

Em Minas Gerais, somado a um pragmatismo acima dos limites, esse procedimento levou o PT a uma paralisia político-partidária que o distanciou principalmente dos movimentos sociais.

Os dirigentes do partido em Minas Gerais, nos últimos anos, exacerbaram o chamado pragmatismo político-eleitoral, confundindo a população e afastando os militantes das lutas e disputas ideológicas na sociedade.

A confirmação de filiações de pessoas com mandato eletivo, oriundas de partidos de centro, centro-direita e daqueles com nítida crise de identidade como o PPS, sem a necessária discussão com a militância, levou a um desequilíbrio na correlação de forças no partido, acentuando cada vez mais a detestável conta das garrafinhas, de modo a estimular ainda mais as filiações em massa.

O pragmatismo das principais lideranças do partido em Minas, cuja semente germinava desde início da década de 2000, progrediu em 2002 com a eleição do tucano Aécio Neves e acelerou a partir de 2005, com a chamada boa convivência institucional entre o governador do Estado e o prefeito de Belo Horizonte, supostamente em benefício da capital. Além disso, esse pragmatismo dúbio já havia criado seu primeiro fantasma: “o lulécio”.

Cabe aqui um parênteses nesta análise. Minas Gerais é conhecida, no país inteiro, pelas suas riquezas naturais, sua cultura, suas cidades históricas, sua culinária e a suposta esperteza de suas chamadas raposas políticas.

Acontece que as tais raposas políticas eram, são e sempre serão as elites da direita mineira. E a maioria dos dirigentes petistas em Minas quis se igualar e se aliar a elas, se esquecendo que nossos aliados históricos e principais são o povo e os movimentos sociais.

Assim, com graves consequências, o PT mineiro caiu em uma cilada terrível. Deixou de cumprir seu papel histórico de oposição ao governo tucano. Afastou-se da militância. Abdicou da disputa político-ideológica na sociedade. Confundiu a população com a ridícula aliança com o tucano Aécio Neves nas eleições municipais de 2008. Tudo somado, rendeu ao partido, em 2010, a derrota de Dilma para Marina e Serra em BH.

Nesse contexto, o PT se afastou das lutas sociais e sindicais. Não deu o devido apoio às lutas dos trabalhadores do ensino no Estado. Não se juntou aos eletricitários contra o desmantelamento da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig. Omitiu-se diante da falta de investimentos, e mesmo do desvio de recursos, pelo governo do estado na Saúde e nos serviços públicos em geral. Virou as costas à precarização e terceirização na Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa. Manteve-se longe das lutas do funcionalismo público estadual. Contra a criminalização dos movimentos sociais pelo demo-tucanato mineiro, não se manifestou com a firmeza e a contundência exigidas.

Em relação às recentes manifestações pelo passe livre, que a partir de São Paulo se espalharam pelo país, também houve manifestações em Belo Horizonte e cidades do interior mineiro. No entanto, o Diretório Estadual, reunido no dia 15 de junho, no auge dos acontecimentos, não aprovou, portanto, não divulgou uma única linha para a sociedade sobre o movimento. Calou-se.

Internamente o partido praticamente deixou de funcionar. Pode se contar nos dedos o número de reuniões do diretório estadual e a executiva se transformou em um tribunal de querelas internas.

Resgatar o PT para um projeto democrático e popular

Com todas suas diferenças, dentro do denominado Movimento Coerência Petista, a maioria da esquerda partidária do PT em Minas Gerais promete sair unida em torno da candidatura do companheiro Deputado Estadual Rogério Correia à presidência do PT.

Formado por militantes independentes, Articulação de Esquerda, Resistência Socialista de BH, Esquerda Popular Socialista e Militância Socialista, o Movimento Coerência Petista surgiu em oposição à aliança na capital com os tucanos em 2008. Revigorado com o movimento pela candidatura própria em BH nas eleições municipais de 2010, aposta na construção de um novo programa dirigente para o PT mineiro.
Queremos que os rumos do PT sejam definidos com a militância e os movimentos sociais. O PT de Minas Gerais, para ser resgatado, tem de voltar a ser de lutas, democrático, transparente e com unidade na ação militante e dirigente. Tem de reconstruir suas instâncias de direção: diretório, executiva e setoriais em pleno funcionamento com respostas e posições frente às demandas da sociedade e dos movimentos sociais e sindicais.

É preciso que o PT se fortaleça com os debates no PED e saia unificado com a militância e os movimentos sociais na construção de um projeto democrático e popular para a disputa do governo do estado em 2014.

Assim, é preciso que o PT, após o PED, se posicione claramente pela candidatura própria em Minas, sem ambigüidades, sem tergiversar. E que seja uma candidatura da militância e dos movimentos sociais e sindicais. E com eles construamos nosso programa de governo. Um programa que se contraponha claramente à receita demo-tucana neoliberal do chamado choque de gestão e tenha um claro posicionamento político-ideológico de esquerda. Valorizador dos serviços e do funcionalismo públicos. Com clara prioridade para os investimentos maciços na Saúde, Educação, Segurança, agricultura familiar, reforma agrária e seja um indutor das políticas sociais do governo Dilma no estado.

Acreditamos que podemos, através deste PED, debater, conscientizar e convencer os companheiros do PT para esta empreitada. Temos todas as condições necessárias para ganhar as eleições de 2014 e implementar um governo democrático e popular no nosso estado.

Para isso precisamos ser de novo os construtores de nossa história em Minas Gerais.

Marco Aurélio Moreira Rocha – Executiva PT-BH – DNAE
Eduardo Soares Leal – PT-MG
Geraldo Vitor de Abreu – Dirigente nacional do PT
Simeão Celso de Oliveira - PT-MG

Nenhum comentário:

Postar um comentário