sábado, 15 de junho de 2013

Projeto tucano perde fôlego em Minas



Os sinais de esgotamento do projeto tucano para o estado de Minas Gerais são evidentes. Por mais de uma década, os mineiros são bombardeados com o intensivo marketing do chamado “déficit zero” e do “choque de gestão”.
 
Os dois mandatos como governador de Minas, Aécio, por uma série de fatores navegou por águas tranquilas sem oposição organizada. Somente a partir de 2011 se organizou na Assembleia Legislativa um oposição institucional com o bloco Minas Sem Censura (PT, PMDB, PCdoB e PRB), capaz de um embate político e ideológico com o tucanato. Este bloco atuou desde o início em conjunto com o Movimento Social que se unificou, e também elaborou uma plataforma de lutas que, evidentemente, se chocou com as ações governamentais. Esta ação conjunta, institucional e movimentos, possibilitou à oposição capacidade de enfrentar o governo tucano.

Minas Gerais: a farsa dos governos tucanos de Aécio / Anastasia

A grande mídia mineira e sua elite faz questão de esconder que Minas Gerais na verdade está falida: o choque de gestão não passa de um imenso arrocho salarial e falta de investimento social e o déficit zero é uma farsa. Minas é o segundo estado mais endividado, são quase R$ 100 bilhões em dívida.

Nas áreas da saúde e da educação, desde 2003, os tucanos não respeitam o mínimo constitucional de 12% e de 25%, respectivamente. A dívida acumulada ultrapassa R$ 15 bilhões, sem correção, e o senador Aécio Neves é réu em ação do Ministério Público da Saúde que lhe cobra a devolução de R$ 4,3 bilhões. O governo Anastasia também é réu em ação que visa anular um TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) que assinou junto ao Tribunal de Contas do Estado, confessando que o Estado só cumprirá a Constituição a partir de 2015, no outro governo. Tudo isso escondido pela grande mídia.

Privatizações fracassadas

Outra vergonha de ação é a iniciativa das Parcerias Público-Privadas (PPPs) que na  verdade não passam de privatizações fracassadas. Veja alguns exemplos: a PPP da rodovia MG-050 que mesmo sem estar pronta, cobra uma das taxas de pedágio mais caras do Brasil; a PPP dos presídios gasta R$ 2,7 mil por detento, valor que equivale ao dobro do salário de um professor da rede estadual, sem contar a PPP do Mineirão que foi um desastre, onde o Estado entregou para a iniciativa privada o “Gigante da Pampulha”. Neste caso, pedimos uma CPI para investigar o superfaturamento e o contrato de “doação”. Pelo contrato, a empresa receberá mensalmente do Estado um lucro de R$ 2,7 milhões. Na contramão desse “investimento”, ingressos e estacionamentos caríssimos praticamente expulsaram o direito do trabalhador mais pobre de frequentar o estádio recém inaugurado, sem contar os inúmeros problemas já apresentados como falta d´água, filas e bares fechados. Diante desse quadro, estamos pedindo uma CPI para investigar o superfaturamento das obras. A comissão já conta com 20 assinaturas das 26 necessárias para sua abertura.

A CEMIG, a Companhia Energética de Minas Gerais, está sendo totalmente sucateada: está também sob processo de privatização. São inúmeros os problemas: alto índice de acidentes constantes com os trabalhadores e com a população em geral; apagões em BH e na região metropolitana; falta de investimentos na rede; e o suspeito acordo de acionistas. Este acordo, assinado pelo governador em agosto de 2011, garante a distribuição de dividendos aos acionistas no percentual de 50%, sendo que, de dois em dois anos, eles podem retirar tudo o que tiver em caixa (100% do lucro). Descobrimos recentemente que dentro da empresa existe um tal de “Conselhinho da Andrade Gutierrez” que sobrepõe aos poderes do governo de Minas na Cemig. Para garantir esse superpoder, definiu-se que todos os investimentos da Cemig devem ser previamente analisados e aprovados pela Diretoria de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial de Controladas e Coligadas, e o acordo prevê que este diretor seja sempre indicado pela Andrade Gutierrez (AG).

Tudo dominado

A mídia é controlada pela irmã do Senador Aécio Neves que comanda o Núcleo Gestor de Comunicação Social do Governo. A dupla foi denunciada por destinar recursos públicos a rádios e jornais da própria família e mais de R$ 2 bilhões em propagandas oficiais desde 2003. Essa é a maior “obra” do governo do Estado. Os tucanos também controlam o Tribunal de Contas, a cúpula do Ministério Público, amplos setores do judiciário e da Assembleia Legislativa.

O PT em Minas também contribuiu com equívocos e dubiedades na relação com o governo Aécio/Anastasia que facilitaram o domínio Aecista, em especial com políticas conhecidas como “Lulécio”, “Pimentécio” e “Dilmazia”.

Essa política levou à fundação do Movimento Coerência Petista que, desde 2008, luta pela reversão desse quadro no interior do PT. Com o movimento de Aécio em torno da candidatura à presidência da República, esta política dúbia perde força em Minas. Já a posição assumida por nós, de criar uma alternativa democrática-popular para o Estado, a partir de uma oposição organizada, ganha força.

O PED em Minas

Para o PED 2013 em Minas, as forças de esquerda se uniram no Movimento Coerência Petista junto com os companheiros do Resistência Socialista (companheiros que lutaram pela candidatura própria em BH no ano de  2012) e lançaram o meu nome à presidência do partido em Minas. A ideia é construirmos, juntos, um projeto partidário centrado nas lutas dos trabalhadores e no combate ao governo neoliberal do Estado, com o objetivo maior da construção de uma alternativa política para Minas, mantendo o compromisso com as lutas e conquistas obtidas nos governos Lula e Dilma. Queremos um governo com a cara do PT!

Tal candidatura a ser construída durante as eleições do PT tem de unificar com a base social do partido uma plataforma de compromissos de conteúdo anti neoliberal e de caráter democrático-popular.

A direção do PT em Minas se transformou em um tribunal de pequenas causas e já não dá direção política ao partido, nem mesmo tem sintonia com os movimentos sociais. Reverter esse quadro é também tarefa fundamental para construirmos uma aliança forte, envolvendo os partidos do Bloco Minas sem Censura e, especialmente, nossa base social organizada nos movimentos populares.

Minha candidatura a presidente estadual do PT e nossa chapa no PED são um chamado à militância para tirar o PT mineiro da inércia e colocá-lo no centro das transformações necessárias para o estado de Minas Gerais.


Rogério Correia – Deputado Estadual do PT de Minas Gerais

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